segunda-feira, 18 de julho de 2016

Arrumando as gavetas

Arrumei as gavetas, físicas e emocionais. Carrego no lado esquerdo do peito um arquivo de aço com duas gavetas. Abro a primeira gaveta (de cima) todos os dias quando acordo. Ela funciona como um follow-up, confiro o que está dentro, faço correções e atualizações, mas não tenho o poder de adicionar nada e nem de impedir que algo entre. É preciso tomar de assalto para estar presente neste espaço. Familiares e verdeiros amigos são vitalícios na primeira. É a gaveta que me sustenta no dia a dia. 
Na segunda gaveta (de baixo), guardo o que de relevante esteve na primeira. Porém, tenho mais autonomia na segunda gaveta. Só coloco o que eu quero e na migração posso jogar fora o que não merece ser guardado.
Se a mudança de gaveta for inevitável, a quantidade de coisas que vou arquivar é o parâmetro para saber se a valeu a pena. Além de espaçosa, a segunda gaveta está protegida com naftalina, preservando o conteúdo livre de traças e outras pragas até o fim da vida. 
Nos últimos dias, arquivei lugares, planos, aromas, sabores, expressões, canções, filmes, sorrisos, sentimentos e pequenos detalhes, como ter aprendido a fazer bolinhas com os pares de meia. 
O período de migração nunca é fácil, mas é necessário. O motivo da mudança pode ser a morte, mas na maioria das vezes a migração é causada pela vida e suas decisões.

Um comentário:

  1. Rapaz... Acho que te entendo! Tô arrumando as "gavetas" também. Força pra todos nós! Obs: música perfeita!

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