Éramos apenas dois amigos que se divertiam fazendo paródias em
1996. No início dos anos 2000, foram muitas tardes de composições e planos. Em
2004, o primeiro, único e último show. No ano seguinte, músicas novas, ensaios
e muitas tentativas de encontrar a formação ideal. Em 2006, a última briga (que
não foi a primeira e nem a segunda), e um hiato silencioso de 3 anos.
O Marcelo Pedra me disse uma vez que não se mede um artista
pelo alcance de sua arte. Após receber este conselho, me senti um verdadeiro artista.
Mesmo não cantando bem, tentei por muito tempo ser um ídolo para mim mesmo. E
consegui isso escrevendo boas letras. Mas a insistência de tocar apenas com grandes
amigos, limitou a realização da única vontade que eu tinha na época: tocar por
aí, pra 100, 20 ou 5 pessoas...
Mas desde o início, compartilhei este sonho com o meu melhor
amigo. Eu e Thiago éramos como Bono Vox e The Edge ou Layne Staley e Jerry Cantrell.
Eu ligava avisando que tinha uma letra nova, e ele vinha aqui em casa com o
violão. Eu apresentava a letra tentando explicar como tinha pensado a melodia,
deixava a folha de papel com os rabiscos na frente dele e ia fazer outra coisa.
Quando voltava depois de alguns minutos, muitas das vezes após fazer um café, ele
me surpreendia com a canção mais bacana que poderia ter sido feita com a
minha letra.
Tal sintonia era favorecida por alguns fatores: ele já era meu
melhor amigo havia quase duas décadas, descobrimos a música juntos, nossos
artistas preferidos eram praticamente os mesmos e ele sabia quais eram as
inspirações das minhas letras.
Nunca cogitei participar de qualquer projeto musical sem o Thiago.
Quando comprei a bateria, em abril de 2011, a minha esperança era que um dia eu
conseguiria levá-lo novamente ao estúdio, como guitarrista ou pianista, já que
na época ele tinha trocado as cordas pelas teclas.
Foram 3 anos de tentativas mal sucedidas. A vida de executivo
e pai de família não estava permitindo esse reencontro. Mas até que há duas
semanas, dois dias após o meu aniversário, recebi a seguinte mensagem no
whatsapp: "Marca o estúdio."
O "rock" aconteceu ontem a noite. Ele de volta a
guitarra e eu pela primeira vez tocando bateria num estúdio. Tentamos algumas
músicas, autorais e covers. Mas apenas uma fluiu bem: Plush, do Stone Temple
Pilots. Canção que faz parte do nosso top 3.
Mais do que uma boa desculpa para encontrar o meu melhor
amigo, o ensaio serviu para relembrarmos as divertidas histórias das tardes de
composições, reuniões e ensaios.
Outros grandes amigos participaram do nosso sonho, e voltei
para casa com muita saudade deles. Ventura está morando na Inglaterra,
Claudinho em São Paulo e Gabriel pouco vejo.
A Turbinol fez apenas um show, a Invictus nunca saiu do
papel, mas posso afirmar que nos divertimos mais do que o Rolling Stones em
toda carreira.
Show da Turbinol em outubro de 2004: Thiago, Yuri, eu, Gabriel e Claudinho
Não registramos com imagens o nosso reencontro musical, mas
as bolhas que ficaram nos meus dedos provam que ainda sou um artista.
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