terça-feira, 25 de março de 2014

Um café e uma canção

Éramos apenas dois amigos que se divertiam fazendo paródias em 1996. No início dos anos 2000, foram muitas tardes de composições e planos. Em 2004, o primeiro, único e último show. No ano seguinte, músicas novas, ensaios e muitas tentativas de encontrar a formação ideal. Em 2006, a última briga (que não foi a primeira e nem a segunda), e um hiato silencioso de 3 anos.
O Marcelo Pedra me disse uma vez que não se mede um artista pelo alcance de sua arte. Após receber este conselho, me senti um verdadeiro artista. Mesmo não cantando bem, tentei por muito tempo ser um ídolo para mim mesmo. E consegui isso escrevendo boas letras. Mas a insistência de tocar apenas com grandes amigos, limitou a realização da única vontade que eu tinha na época: tocar por aí, pra 100, 20 ou 5 pessoas...
Mas desde o início, compartilhei este sonho com o meu melhor amigo. Eu e Thiago éramos como Bono Vox e The Edge ou Layne Staley e Jerry Cantrell. Eu ligava avisando que tinha uma letra nova, e ele vinha aqui em casa com o violão. Eu apresentava a letra tentando explicar como tinha pensado a melodia, deixava a folha de papel com os rabiscos na frente dele e ia fazer outra coisa. Quando voltava depois de alguns minutos, muitas das vezes após fazer um café, ele me surpreendia com a canção mais bacana que poderia ter sido feita com a minha letra.
Tal sintonia era favorecida por alguns fatores: ele já era meu melhor amigo havia quase duas décadas, descobrimos a música juntos, nossos artistas preferidos eram praticamente os mesmos e ele sabia quais eram as inspirações das minhas letras.
Nunca cogitei participar de qualquer projeto musical sem o Thiago. Quando comprei a bateria, em abril de 2011, a minha esperança era que um dia eu conseguiria levá-lo novamente ao estúdio, como guitarrista ou pianista, já que na época ele tinha trocado as cordas pelas teclas.
Foram 3 anos de tentativas mal sucedidas. A vida de executivo e pai de família não estava permitindo esse reencontro. Mas até que há duas semanas, dois dias após o meu aniversário, recebi a seguinte mensagem no whatsapp: "Marca o estúdio."
O "rock" aconteceu ontem a noite. Ele de volta a guitarra e eu pela primeira vez tocando bateria num estúdio. Tentamos algumas músicas, autorais e covers. Mas apenas uma fluiu bem: Plush, do Stone Temple Pilots. Canção que faz parte do nosso top 3.


Mais do que uma boa desculpa para encontrar o meu melhor amigo, o ensaio serviu para relembrarmos as divertidas histórias das tardes de composições, reuniões e ensaios.
Outros grandes amigos participaram do nosso sonho, e voltei para casa com muita saudade deles. Ventura está morando na Inglaterra, Claudinho em São Paulo e Gabriel pouco vejo.
A Turbinol fez apenas um show, a Invictus nunca saiu do papel, mas posso afirmar que nos divertimos mais do que o Rolling Stones em toda carreira.

Show da Turbinol em outubro de 2004: Thiago, Yuri, eu, Gabriel e Claudinho

Não registramos com imagens o nosso reencontro musical, mas as bolhas que ficaram nos meus dedos provam que ainda sou um artista.

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