segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Quando fui um personagem da série Cold Case

Não preciso falar muito sobre a Rádio Cidade neste post, pois não é novidade para ninguém que ela foi a principal responsável pela minha paixão por rádio. Foram 10 anos ouvindo a rádio 24 horas por dia.
Tirei a habilitação com 19 anos, em 2003. Foi quando descobri que a Cidade também era perfeita como trilha sonora das minhas aventuras pelas ruas do Rio. Na época, o rádio do carro só tinha um dial gravado na memória: 102,9
Como a Cidade acabou em março de 2006, sintonizei outras emissoras no rádio do carro: JB FM, Paradiso FM e CBN.
Quando queria ouvir rock no carro, enchia o porta-luvas de CDs. Mas não era a mesma coisa, pois só a rádio me surpreendia. Uma espera sempre gratificante pela próxima música.
Nas últimas semanas, especulou-se muito sobre o retorno da Rádio Cidade ao dial 102,9. Mas nada de concreto aconteceu até agora. Eu disse que não era um texto sobre a Rádio Cidade.
Neste fim de semana, fui a São Paulo dirigindo para visitar alguns amigos. Para a trilha sonora da viagem, fiz um repertório karaokê, com MPB e rock nacional.
Quando estou na estrada, não gosto de conversar. Aumento o som e vou viajando nas curvas e placas. A amiga que foi  comigo até a metade do percurso, entendeu que teríamos o resto da vida para conversar, mas na estrada não. Quando a pessoa não tem essa sensibilidade, aumento volume aos poucos, até que seja impossível o diálogo.
Quando cheguei na capital paulista, estava sozinho no carro e o repertório de MPB se aproximava do fim. Cheguei no meu primeiro destino ao som de Sá, Rodrix e Guarabyra.
Cumpri o meu compromisso na terra da garoa, e no dia seguinte, segui para a segunda visita. Desta vez, em São Bernardo do Campo.
Após um fim de semana feliz, convivendo com pessoas muito queridas, dei a partida de retorno na ignição do carro com um sorriso no rosto. Quando apertei a tecla "power" do rádio, lembrei que ali estava a oportunidade após 7 anos, de novamente ser surpreendido por uma rádio tocando meus artistas favoritos. Sintonizei 89,1 FM, a Rádio Rock de São Paulo, que era a matriz da Rede Rádio Rock, da qual a Rádio Cidade fez parte de 2000 a 2006.


Peguei a Anchieta ao som da rádio que mais poderia se aproximar da saudosa Rádio Cidade. Até o padrão de vinhetas é o mesmo até hoje. Era como eu estivesse revivendo minha adolescência num novo lugar. Chovia fraco em São Paulo, mas mesmo assim abri o vidro e fui seguindo a rota indicada pelo GPS, cantando,  como há 10 anos. Quando estava acessando a Marginal Tietê, por volta das 16:40, ouvi o " Do-do-do do-do-do-doodoo-do-do-do do" da introdução da música do Semi-Charmed Life, do grupo Third Eye Blind. Foi um total Déjà vu. De todas as músicas que tocavam na Rádio Cidade, essa era a que mais levantava o meu astral. Lembro com clareza de um momento que a ouvi na Cidade, dirigindo pela Avenida Niemeyer, num fim de tarde do verão de 2004.


Aumentei ainda mais o volume e viajei no túnel do tempo, com os pingos de chuva batendo no meu braço que estava para fora do carro, como um maestro regendo uma orquestra.
Eu não queria que a música acabasse, pois estava novamente com 19 anos, com um sorriso juvenil. Foi como eu estivesse indo paquerar aquela menina que conheci em um show ou encontrar os amigos num domingo a tarde. Mas esse momento durou 3 minutos e 53 segundos, o suficiente para marejar os meus olhos de tantas lembranças boas.
A chuva apertou e fechei o vidro. Mas mesmo assim segui ouvindo a 89, Pearl Jam, Queen... Acessei a Dutra e a transmissão ainda estava muito boa. Quando já estava chegando em Guarulhos, por volta das 17:15, o sinal da rádio ficou fraco, com chiados. Mas eu queria aproveitar até o último centímetro do limite da cobertura da Rádio Rock. Minha persistência foi recompensada: A última música que consegui ouvir na íntegra foi uma versão ao vivo de Black Hole Sun, do Soundgarden. Apenas a minha música favorita da minha banda preferida.


Coincidência? Prefiro ficar sem a explicação.

Mudei a função do rádio para USB e continuei a viagem com a melancolia do Vander Lee.

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