sábado, 15 de junho de 2013

Tiro, porrada e bomba!

Não posso abster-me da discussão sobre os recentes protestos que tomaram conta das principais cidades do país. Os meus amigos de longa data sabem que no ano de 2001, eu atuei como uma das lideranças dos secundaristas do PSTU no Rio. Na época, um projeto de lei tramitava na Câmara de Vereadores do Rio para acabar com o passe livre dos estudantes de escolas públicas. Com o apoio do DCE da Uerj, os alunos das escolas públicas (estaduais e federais) da Tijuca e adjacências foram às ruas juntos em diversas manifestações. Nunca, estou dizendo NUNCA, a direção do partido defendeu ou incentivou qualquer tipo de ato violento. Não me filiei ao partido e muito menos votei em algum candidato dele. Mas o PSTU nos deu na época toda o suporte que precisávamos para garantirmos o nosso direito, e não estou falando de pedras, barras de ferro e jet sprays. O partido só cedia o carro de som e os microfones. Fizemos muitas passeatas, todas pacíficas. 
Fui reprovado por faltas naquele ano, pois achava mais importante as reuniões com representantes dos outros colégios. Mas na última passeata do ano, convocaram escolas de todo estado do Rio de Janeiro. A passeata reuniu milhares de secundaristas. Estávamos na Av. Rio Branco, num fim de tarde ensolarado. Um grupo de alunos da Faetec de Marechal Hermes avistou um vendedor ambulante parado na calçada, aguardando a passeata. Os marginais, não posso chamá-los de estudantes, tiveram a ideia de saquear o ambulante e pegar todas as suas bebidas. Eu estava na fila do carro de som, pois seria o próximo a discursar. Poucas vezes na vida fiquei tão revoltado. Saí da multidão, pensei alguns minutos se valia a pena representar um grupo, que como em qualquer outro, era formado também por pessoas sem escrúpulos. Eu não tinha mais o que falar para aqueles milhares de jovens. Desejei naquele momento que o passe livre realmente acabasse, pois animais não precisam frequentar escolas. Voltei para casa decepcionado, com a sensação de ter jogado um ano da minha vida fora. Depois disso, nunca mais quis contato com os meus ex-companheiros. A única certeza que eu tive é que os responsáveis pelo partido ficaram tão decepcionados quanto eu. Hoje, um pouco mais velho, entendo que existem marginais em todos lugares. O protesto é legítimo, não podemos generalizar.

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