domingo, 16 de junho de 2013

Feliz do ser humano que tem paixões e encantos

O título desta postagem foi um comentário feito pelo meu amigo da CBN Cláudio Carvalho, o famoso Gaúcho, no link de um vídeo que postei sobre o show do Chris Cornell. Me considero um cara com muitas paixões, por isso frequentemente ando em estado de encantamento por aí. Mas a paixão em questão é a música. Das bandas do meu top five, eu já fui ao show de quatro. Assisti a todas duas vezes: Pearl Jam (2005/2011), Stone Temple Pilots (2010/2011), Faith no More (2009/2011) e Oasis (2001/ 2009). Mas a número 1,  que eu considero a melhor banda do mundo, ainda não tocou no Brasil. Mesmo com quase três décadas de existência, o Soundgarden ainda não pisou em território tupiniquim. A banda, formada por Chris Cornell no vocal, Kim Thayil na guitarra, Ben Shepherd no baixo e Matt Cameron na bateria, é a principal responsável pela minha inserção no mundo da música. Quando montei uma banda, ainda na adolescência, a minha inspiração era o Cornell. Só  depois de algum tempo, aceitei que desafinava muito e nunca conseguiria cantar uma música do Soundgarden. Após 10 anos, foi a vez de querer tocar como o Matt Cameron. Comprei uma boa bateria. Já faz dois anos e até agora nada de conseguir tocar uma música do grupo.
Além de ser vocalista do Soundgarden, uma das bandas mais importantes do rock nas últimos três décadas, o Chris Cornell participou de outros projetos bem sucedidos, como o Audioslave e o Temple Of The Dog. Mesmo assim, ainda sobrou tempo para consolidar uma carreira solo, com quatro discos lançados.
Em dezembro de 2007, o Chris Cornell veio ao Brasil pela primeira vez, na turnê do segundo disco solo. No dia 12 daquele mês, o cantor fez um show no Rio de Janeiro, cantando músicas de todos os seus projetos. Eu fui, claro! Fiquei na primeira fila, perplexo, extasiado... Já na metade do show, ele veio em minha direção, então joguei para ele o meu chapéu. Ele segurou e colocou no pedestal. Durante toda a execução da música Be Yourself, o meu chapéu ficou pendurado no pedestal. Quando a música terminou, ele me devolveu. Na saída do Citibank Hall alguns fãs gritavam, em tom de brincadeira, que iriam roubar o meu chapéu. Como fiquei a poucos centímetros do Chris, tirei fotos espetaculares do show, que foram divulgadas em sites sobre música de diversos países. 




Na época, o orkut ainda estava em alta, e postei o link do álbum de fotos no tópico "Chris Cornell - Rio de Janeiro", da página oficial do cantor na rede social. No dia seguinte, o marcador de visitas do meu perfil registrava milhares de acessos, além de dezenas de solicitações de amizades. Ainda mantive contato com algumas pessoas até 2010, quando abandonei oficialmente o orkut. Como eu não sou capaz de analisar o show de uma forma imparcial, deixo o link da crítica feita pelo meu amigo e ótimo jornalista Marcos Bragatto: http://www.rockemgeral.com.br/2007/12/13/overdose-de-hits-leva-chris-cornell-a-fazer-show-de-duas-horas-e-meia/
Foi a melhor experiência musical da minha vida. O vídeo abaixo é o registro deste meu momento de catarse.



Ontem, nos reencontramos em um formato mais intimista, no Vivo Rio: a poderosa voz do Chris e o violão. No repertório, novamente ele fez um passeio por canções de todos os  seus projetos. Os ingressos iam de R$ 150,00 a R$ 750,00. Quanto mais perto do palco era a mesa, mais caro era o ingresso. Mas antes de tocar a primeira música do show, o Chris Cornell convidou todos a levantarem, para que se aproximassem do palco. Imagino a raiva de quem pagou R$ 750,00.
Mais uma vez não tenho aptidão para analisar o show de uma maneira sensata. Mas o Bragatto já publicou a crítica do show no site "Rock em Geral", com direito a foto registrada por mim: http://www.rockemgeral.com.br/2013/06/16/afiado/

Registrei boas fotografias e gravei dois vídeos:






O show teve 29 músicas e duração de duas horas e meia, com direito a um fã cantando no palco a música "Like a Stone", do Audioslave.
Mais uma noite encantada e inesquecível!

P.S: A minha admiração pelo Chris Cornell não é apenas por considerá-lo o melhor cantor da história do rock, vocalista da minha banda preferida ou por ser o músico mais influente do movimento grunge (essa afirmação está explícita no documentário Peal Jam Twenty). Em 2009, o Chris teve a atitude mais comovente que já vi por parte de um artista. Segue a notícia  publicada no site Cifra Club, no dia 21 de abril de 2009:
"Chris Cornell disponibilizou para download a música , feita em parceria com Rory de La Rosa, um fã do cantor.
De la Rosa perdeu a filha Ainslee, que tinha seis anos, vítima de câncer no ano passado. Pouco depois, ele foi diagnosticado com a mesma doença.
O fã quis entrar em contato com o cantor para dizer como a música de Cornell havia sido importante em sua vida e na ligação que ele tinha com sua filha.
O cantor se comoveu com a história e respondeu a mensagem. A correspondência dos dois resultou em um poema escrito por Rory de la Rosa que acabou transformado em uma canção.
I Promise it’s Not Goodbye pode ser baixada no site oficial do cantor gratuitamente. Na página há também um link para quem quiser fazer doações a Rory de la Rosa e sua família em memória de Ainslee e para ajudar com as contas do tratamento médico. "

Encerro esta postagem com a linda canção I Promise it’s Not Goodbye. As fotos do vídeo são da pequena Ainslee.


Já assisti este vídeo algumas vezes e nunca consegui chegar ao final sem estar com os olhos marejados.

Que venha o Soundgarden!

sábado, 15 de junho de 2013

Tiro, porrada e bomba!

Não posso abster-me da discussão sobre os recentes protestos que tomaram conta das principais cidades do país. Os meus amigos de longa data sabem que no ano de 2001, eu atuei como uma das lideranças dos secundaristas do PSTU no Rio. Na época, um projeto de lei tramitava na Câmara de Vereadores do Rio para acabar com o passe livre dos estudantes de escolas públicas. Com o apoio do DCE da Uerj, os alunos das escolas públicas (estaduais e federais) da Tijuca e adjacências foram às ruas juntos em diversas manifestações. Nunca, estou dizendo NUNCA, a direção do partido defendeu ou incentivou qualquer tipo de ato violento. Não me filiei ao partido e muito menos votei em algum candidato dele. Mas o PSTU nos deu na época toda o suporte que precisávamos para garantirmos o nosso direito, e não estou falando de pedras, barras de ferro e jet sprays. O partido só cedia o carro de som e os microfones. Fizemos muitas passeatas, todas pacíficas. 
Fui reprovado por faltas naquele ano, pois achava mais importante as reuniões com representantes dos outros colégios. Mas na última passeata do ano, convocaram escolas de todo estado do Rio de Janeiro. A passeata reuniu milhares de secundaristas. Estávamos na Av. Rio Branco, num fim de tarde ensolarado. Um grupo de alunos da Faetec de Marechal Hermes avistou um vendedor ambulante parado na calçada, aguardando a passeata. Os marginais, não posso chamá-los de estudantes, tiveram a ideia de saquear o ambulante e pegar todas as suas bebidas. Eu estava na fila do carro de som, pois seria o próximo a discursar. Poucas vezes na vida fiquei tão revoltado. Saí da multidão, pensei alguns minutos se valia a pena representar um grupo, que como em qualquer outro, era formado também por pessoas sem escrúpulos. Eu não tinha mais o que falar para aqueles milhares de jovens. Desejei naquele momento que o passe livre realmente acabasse, pois animais não precisam frequentar escolas. Voltei para casa decepcionado, com a sensação de ter jogado um ano da minha vida fora. Depois disso, nunca mais quis contato com os meus ex-companheiros. A única certeza que eu tive é que os responsáveis pelo partido ficaram tão decepcionados quanto eu. Hoje, um pouco mais velho, entendo que existem marginais em todos lugares. O protesto é legítimo, não podemos generalizar.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Ter, ser ou nada?

Ter o controle das coisas, ser controlado por elas ou viver cheio de coisinhas? Busco incessantemente a primeira opção, mas acabo caindo na terceira. Até os meus dias de descanso são repletos de regras, horários, repulsas... Não duvido que as minhas leis me atrasam frequentemente, pois até passo por alguns curtos momentos de lucidez e enxergo que algo está errado. Mas não demora muito até voltar o meu espírito ditatorial. 
Nesta reflexão, puxei do fundo do baú alguns momentos surpreendentes da minha trajetória de quase balzaquiano. Como é bom sair de casa sem planos e vivenciar experiências incríveis. Foram muitas as viagens ou os encontros de mesa de bar que renderam histórias inesquecíveis. 
Recebi recentemente um conselho que achei engraçado no primeiro momento, mas que passou a fazer sentido no decorrer da conversa: "você precisa levar uma vida freestyle." Acredito que dizer mais sim do que não já seja um bom começo. Mas não será fácil deixar de decidir o local onde passarei um dia de descanso ou permitir que alguém troque a música que estou ouvindo no carro. 
O mundo é muito mais bacana do que carne vermelha, Soundgarden e Fórmula 1. Eu também devo ser mais bacana do que o Stalin.
Só não me ofereça peixe, comidas coloridas ou convide para assistir algo relacionado à humor. O resto vou tentar "de boa".